“Eu não posso entrar. Diz que é só para menores de 8 anos”
“Ai que lindo, filha, você já é uma mocinha crescida!”
E com esse diálogo atrás de mim e do Sr. Namorado na cafeteria, foi que concluímos: as regras de entrada nos parquinhos e playgrounds eram o alerta do universo para todos nós sabermos que crescer é uma cilada. Aquelas réguas de altura que um dia iriam nos impedir de entrar no brinquedo do McDonalds ditavam em que momento a vida iria deixar de ser só diversão. Agora, eram responsabilidades.
Bons tempos em que nossa maior preocupação era se íamos entrar no pula-pula ou não. Se chegaríamos em casa a tempo do desenho animado. Se o colega de rua ia devolver seu brinquedo hoje ou se você ia ficar sem pro resto da sua vida. Éramos dramáticos assim, será? Eu me lembro de achar que minha vida não seria completa pro resto da vida porque eu perdi uma roupa da Barbie que eu gostava muito.
E a gente devia ter aproveitado melhor o tempo antes de bater o limite daquelas réguas malditas do playground. Tem horas que eu penso que não aproveitei o suficiente a minha infância, mas até o Sr. Namorado, que tem certeza que curtiu bastante o quanto pode, diz que devia ter feito mais na época. Sempre vamos ter esse sentimento de que não foi o bastante.
Talvez seja nossa vontade de voltar para aqueles tempos e ter uma vida menos complicada. Com menos trabalho, menos boletos para pagar, menos problemas burocráticos no banco pra resolver, mais tempo para se preocupar com diversão.
Vejo as crianças brincando no parquinho e me imagino, como em uma cena de filme, puxando uma delas num canto e fazendo um amplo discurso sobre como ela deve aproveitar o agora que ela não tem responsabilidades de sobrevivência própria.
É claro que nenhuma delas vai me entender. Talvez nem devessem.
O aniversário do Freddie foi dia 15/12, um dia depois do meu. No fim de semana, eu fiz um bolo de carne para comemorar os quatro aninhos dele. Levamos para dividir com o Bob, o Golden do amigo do Sr. Namorado, e acabamos encontrando outros vários cachorros no gramado aberto onde fomos. Brasília é meio assim, como não tem lugar específico para esses encontros, do nada eles podem acontecer em qualquer lugar.
Os amigos cães aproveitaram o bolo. Os donos acharam gozado um bolo de cachorro. Mas no fim todo mundo ficou feliz.
Bolo de carne para cachorros
Rende: um bolo de carne de 16cm de diâmetro500g de carne moída com baixo teor de gordura
1 ovo (orgânico, de preferência)
1/4 xícara de ervilhas
1/4 xícara de aveia em flocos finos
3 colheres de sopa de manteiga de amendoim sem açúcar
biscoitos de cachorro para decorar1 – Ligue seu forno em 180˚C. Passe um fiapinho de nada de azeite em uma fôrma de 16cm de diâmetro, para untar.
2 – Em uma tigela, misture a carne moída, a aveia e o ovo. Misture com a mão como se fosse formar hambúrgueres, até que tudo esteja bem incorporado e firme. Acrescente as ervilhas por último e misture sem amassar a carne, senão as ervilhas estouram.
3 – Coloque a carne na fôrma e nivele para ficar bonitinho. Leve para assar por 40 minutos, no mínimo. As laterais podem até chegar a queimar um pouquinho, mas é melhor assim e garantir que o centro estará bem cozido. Não alimente carne mal passada pro seu bichinho, jamais. Para checar, você pode abrir o centro com uma faca e ver se deixou de ficar vermelho. Quando estiver pronto, retire e espere esfriar completamente.
4 – Retire a fôrma, coloque no prato que você vai servir e passe a manteiga de amendoim em volta, igual você faria com um bolo normal. Decore com os biscoitinhos para cachorro se preferir. Voilá!
Não precisa de sal porque não é legal muito sódio pra cachorros. E te garanto que ele não vai achar sem sal – carne é carne pro cachorro, ahahaha. Claro, não alimente seu cachorro com o bolo inteiro, por mais que ele queira. Isso é um petisco e, como um petisco, deve ser dado com moderação.
O ideal mesmo é você consultar o veterinário do seu bichinho para ter certeza que ele pode comer todos os ingredientes da receita – desta ou de qualquer outra caseira para animais. :)
Mais alguém ficou frustrado quando bateu a altura máxima pra entrar num brinquedo?