Essa semana eu estava comentando com um amigo como anda difícil encontrar pessoas para conversar sobre temas profundos ou polêmicos. Parece que os outros evitam assuntos assim e eu não sei porquê. Talvez desinteresse, talvez preguiça de explicar seu próprio ponto de vista, talvez medo de causar uma briga.
Já eu ando em uma onda de querer debater assuntos densos, então está complicado. Não encontro uma viva alma interessada em longas conversas sobre política, sobre religião, sobre os motivos da existência humana, ou sobre o que vem primeiro no prato: feijão ou arroz.
Mas parece que foi só eu reclamar, que o universo me presenteou com uma surpresa.
Eu estava matando alguns minutos antes de ver Pets na Livraria Cultura, procurando livros polêmicos para ler assim que eu acabar Cozinhar (aliás, aquela lista de livros anda mais parada que mosca sem churrasco). Sentada em uma das cadeiras, subitamente e sem nenhuma razão clara, o senhor ao meu lado puxou papo.
Ele perguntou se eu gostava muito de ler. Eu disse que sim e ele quis saber quais gêneros. “De tudo, mas ultimamente estou atrás de coisas mais pragmáticas, mostrando os dois lados de algum assunto. Só queria ter mais tempo pra ler mais”, eu respondi. E ele retrucou, meio melancólico, que “é, sempre queremos mais tempo, não é?”.
E daí começamos um papo muito agradável. Falamos sobre como é bom procurar estudar e entender pontos de vista diferentes do que você acredita. Sobre Nietzsche e a relatividade de uma situação. Sobre como as coisas só precisam ser vistas por outra perspectiva. Depois caímos em religião e finalizamos com a importância de estar sempre aberto a entender uma ideia contrária de outra pessoa, pois é assim que aprendemos e, quiçá, mudamos, já que o mundo é mutável.
Infelizmente, bateu o tempo do filme e eu tive que ir. Nos cumprimentamos, eu e José (é o nome dele), e desejamos um ao outro mais tempo para ler mais livros. E eu saí de lá com uma sensação boa de ainda não desistir de encontrar pessoas dispostas a discutir qualquer coisa, até as mais cabeludas, sem medo, sem agressividade, com respeito.
Biscoitos de cacau e manteiga de amendoim
Rende: 20 biscoitos de 1 colher de sopa cada
Receita do Averie Cooks.1 xícara + 2 colheres de sopa de manteiga de amendoim (preferencialmente a industrializada, por causa da consistência, mas a caseira também funciona se não estiver muito líquida)
1 xícara de açúcar mascavo
1 ovo grande
1/2 xícara de cacau em pó
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1 colher de sopa de extrato de baunilha1 – Eu fiz no braço, ou seja, numa tigela com uma espátula, mas a receita original recomendava fazer em um processador. Use o que você preferir. Misture a manteiga de amendoim, o açúcar e o ovo até que esteja bem incorporado, por uns 5 minutos.
2 – Adicione o cacau, o bicarbonato e a baunilha e misture bem. Vai ficar difícil e meio duro, mas a ideia é que a massa se junte quando for pressionada junto, como uma massa de biscoito mesmo. Se estiver quebradiça demais, adicione um pouco de manteiga de amendoim até obter a consistência ideal para modelar biscoitinhos.
3 – Leve à geladeira por 30 minutinhos, só pra firmar um pouco.
4 – Pré-aqueça seu forno em 180˚C. Modele os biscoitos em cima de uma fôrma coberta com papel manteiga. Se quiser eles mais “gordinhos”, faça bolinhas altas e leve para assar assim. Se preferir mais crocantes, faça as bolinhas e depois as pressione com o dedo levemente molhado em água.
5 – Asse-os por 8 a 10 minutos, ou até que as bordas pareçam mais firmes. Sei que é complicado porque eles são escuros, logo não dá pra ir pela cor, mas preste atenção no cheiro e na consistência das bordas a partir do minuto 8. Retire do forno e espere esfriar completamente antes de devorá-los!
Há boatos no meu trabalho que esse biscoito oferece 4kg de massa magra apenas ao ser ingerido. Obviamente, é uma grande mentira, mas se te ajuda a comê-lo sem culpa, vai fundo! Eles são deliciosos! E mais: sem glúten!
Quais os encontros inesperados e agradáveis que você já teve com desconhecidos?
Ju: sempre com texto lindos.
O teu último texto foi um amor só, me tocou fundo.
Sobre o de hoje, concordo contigo e sinto a mesma necessidade.
Muitas pessoas não querem trocar ideias, ter um diálogo, ainda que discordem de seus pontos de vista..o que é triste, pois são nestes momentos que crescemos..
A minha impressão é que a maioria das pessoas só quer que concordem com ela, não faça nenhuma critica ou exponha a sua opinião, apenas concorde. É monólogo, é doutrinação, é submissão, é tudo, menos diálogo.
Já vivenciei algo parecido com um desconhecido tbm, tivemos um diálogo ‘cabeça’ , trocando ideias sobre a vida e a existência hahah bem filosóficos
por mais trocas ricas assim!
Quando quiser conversar, ter essa troca de ideias, estou aqui :)
beijinhos
PS: esses cookies estão maravilhosos – quero fazer já!
Paula, sim, parece que as pessoas só querem interagir com quem concorda com elas. Isso me dá uma agonia, porque eu ADORO conversar com quem não tem a mesma opinião que eu. Gosto de perguntar “mas por que?”. Só que as pessoas ficam meio assustadas com isso, parece que estou desafiando elas, mas não é. Uma pena como o mundo atualmente está desse jeito meio defensivo… Beijinhos!
Eu estou aqui esperando um convite pra essas conversas! Se for em um café de Brasília, acho melhor ainda! Rsrs
Estamos conectadas, sinto muita falta desses diálogos. Brasília distancia muito as pessoas… Ficarei muito feliz em te encontrar! Hahaha =D
Claudia, Brasília tem dessas de ser fria… acho que as pessoas estão tão ocupadas que não tem tempo pra mais nada! Vamos marcar um cházinho das leitoras do blog por aqui hahaha :)
Fui em busca da receita do biscoito de cacau, pelos quais, ambos, sou apaixonada. E me deparei com este texto delicado e profundo. Refletindo a sua busca. Que deliciosa surpresa! Também a mim o universo presenteou. E ainda com o bônus da receita que certamente irei experimentar..
Olá Juliana, tenho essa mesma sensação de desalento dialógico, os temas e assuntos estão rasos e sem nenhum comprometimento com a opinião alheia, remeto ao nosso momento individualista, acabei de ler o Cozinhar também e parece que até discuti uma boa leitura como esta tem sido difícil, as pessoas né olham com cara de “o que há de interessante nisso mesmo?!” que faz você resumir o livro em uma “boa leitura”, mas creiamos que encontraremos em alguma livraria ou praça alguém simplesmente disposto a ouvir e a comprometer-se em acreditar piamente que sua opinião pode mudar sempre. Grande abraço.
Izabel, e o Cozinhar tem tantas reflexões não é? E tanta coisa interessante pra discutir… eu forço o Sr. Namorado a demonstrar interesse nessas coisas, porque fico querendo falar com pessoas sobre isso mas ninguém parece querer conversar e dialogar sobre coisas assim. Só querem falar de alguém, da vida de alguém, reclamar de algo, sei lá. Cadê os papos profundos? hahahaha
Discutir temas profundos, filosóficos, polêmicos, é um preceito para “discussão acirrada”! Resultado de gente chata é intransigente que não consegue ouvir uma opinião diferente sem “impor” a sua própria!
O que posso dizer sobre essa receita? Bora testar!!!!
Bjos
Discutir é sempre enriquecedor! Se feito da maneira correta e com propósito. Já tive experiência semelhante na Livraria Cultura. Adoro aquele lugar!
Larissa, deve ser a vibe Livraria Cultura que atrai esse tipo maravilhoso de gente :)
Amei a receita e vou te passar meu whats pra conversarmos hahahaha sofro da mesma ausência, parece que vivo em um mundo onde as pessoas não têm opinião, estão todos receptivos demais. Todo mundo aceita a opinião do outro e pronto. Não há debates. Beijos
Ju, xará, que treco chato né? Eu adoro um debate, fico triste também com essa atualidade…